segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

O LENDÁRIO BAR DO SORÓ

Quando num diálogo algumas pessoas que já passaram da casa dos quarenta anos, na sua grande maioria homens, ouvem a palavra bar em alguma parte do assunto, acredito que aconteça ali um revertério emocional, mesmo que seja em silêncio sepulcral, algo que vai lá no fundo da alma. Digo isso, pois esse pessoal que um dia frequentou bares, butecos ou similares, dificilmente não terão uma historinha cabulosa, boa ou ruim para contar, ou não contar de jeito nenhum. A melhor rede social é e sempre será uma roda de amigos, amigos trazem felicidade. e na época isso era feito na mesa de algum bar, para nós boleiros. Essas historinhas geralmente nasciam dessas rodas, e como disse, às vezes também não eram boas.

Resumindo, para quem sabia aproveitar era diversão garantida, nunca se esquecendo da velha máxima que dizia que no bar não se cospe no chão, por ser uma espécie de solo sagrado.

O Bar do Soró ficava ali na rua Aimorés, bem no centro da cidade, entre as rua Iporans e Chavantes, do lado direto no sentido Avenida Tamoios. Além de ser um ponto de encontro dos amigos para uma partidinha de pebolim, sinuca, um inocente joguinho de dominó, também era o lugar ideal para se colocar a resenha em dia, degustando um salgadinho ou uma de suas inúmeras porções.
Soró, o bom baiano de Salvador, fã incondicional do maluco beleza Raul Seixas, e adepto da frase BAR É CULTURA, contribuía muito para que a gente ficasse bem à vontade, tanto pela simpatia, como pelas piadas de efeito, que dificilmente não davam dor na barriga de tanto a gente rir. O bar do Soró também era nosso ponto de referência para irmos treinar futebol aos domingos à tarde, quem já estava por lá, só ficava esperando o pessoal chegar para pegar uma carona.

Treinávamos num campinho que ficava em um sítio na Vicinal Pioneiro Antônio Lovato, nas proximidades do Distrito de Parnaso. 
Domingo à tarde é um horário atípico para treinos do pessoal da várzea, geralmente eles se realizavam aos sábados à tarde, ou nos domingos pela manhã, ficando a tarde de domingo para descanso da rapaziada, pois na segunda tem trampo para a maioria. A explicação para o nosso treino ser no domingo à tarde era o próprio Soró, pois era o horário em que ele podia fechar o bar e ir treinar conosco, um modo de retribuição ao camarada que nos servia todos os dias.
Essa resenha se passou lá nos agitados anos 80, porém o Bar do Soró ainda se mantém firme e forte até os dias de hoje, no mesmo quarteirão da rua Aimorés que citei acima, porém agora do lado esquerdo para quem vai no sentido à Avenida Tamoios.

Texto:
Paulo Cesar - PC