sexta-feira, 25 de março de 2022

A LAGOA DO JOBI

Lá pelo final dos anos setenta, enquanto todos adultos ainda choravam a entregada histórica da seleção peruana para "los hermanos" no mundial de 78, em plena residência dos eternos rivais, nós aqui, molecadinha da época
seguíamos nossas vidas fazendo nossas artes do dia a dia e também batendo nossa bolinha.
   Lembro que nesse tempo meus primos moravam no bairro Afonso XIII, em um sítio que fazia fundo com um grande frigorífico da época, e que eram margeados por um córrego com o mesmo nome do bairro. Nesse lugarzinho bem bucólico, e mal cheiroso às vezes, tínhamos um campinho de futebol bem simples, as traves eram feitas com o que tirávamos dos pés de mamona e o piso do campinho era um misto de grama, terra batida e mato mesmo. O campinho era tão pereba que ficávamos com vergonha de marcar amistosos com outros times, então a gente quebrava o pau nós mesmo.
   Quase todas as tardes depois da aula nós íamos bater uma bolinha e depois partíamos para uma represa que tinha nas imediações 
para dar um mergulho, a famosa lagoa do Jobi. A represa levava esse nome, pois era de acordo com pessoal da época o nome do proprietário do sítio em que ela estava instalada.
   Existia uma lenda rural sobre essa lagoa, em que se contava que quando tinha muita gente nadando e fazendo algazarra no local, o Jobi aparecia do nada, munido de um portentoso chicote e acompanhado de alguns caninos sedentos, para dar um carreirão no povo baderneiro. 
Como disse, nós íamos nadar quase todas as tardes, sempre espertos com a provável presença do Jobi, porém felizmente ele nunca apareceu.
   Depois de muito tempo, já adulto, conheci o Sr Job, não resisti e perguntei para ele sobre a tal lenda. - Ele simplesmente deu uma boa gargalhada e mudou de assunto.