sexta-feira, 15 de abril de 2022

CANARINHOS FUTEBOL CLUBE

Essa interessante história começa lá no inicio dos anos oitenta, No tempo em que a seleção brasileira do craque Zico disputava uma vaga para a copa da Espanha de 1982, contra as fortíssimas Bolívia e Venezuela, classificando-se praticamente com um pé nas costas.
E posteriormente na copa, vindo a ser desclassificada por uma seleção "meia boca" da Itália na época, que tinha um certo Paolo Rossi em dia inspirado, e um goleirão chamado Dino Zoff pegando tudo lá atrás, azar o nosso. Esse fato ficou conhecido como a tragédia do "Sarriá".
Nessa época embalado pelo então sucesso do "Voa canarinho, voa", música do lateral esquerdo Junior "Capacete", resolvi montar um timinho de futebol com a molecada lá do bairro em que eu morava, e mais alguns convidados, para disputar jogos amistosos com os diversos times que tinham ali na região.

Time montando, começamos a fazer jogos ali por perto, contra times do próprio bairro, e também de bairros vizinhos. Só que jogar contra os vizinhos não estava dando muito certo, pois a rivalidade das equipes era tão grande que em todos os jogos praticamente havia confusão, brigas, discussões, e outras bobeiras do gênero, típicas da molecada da época. 
Com esse impasse resolvemos alçar voos mais distantes, e marcar jogos com equipes de bairros mais distantes, cuja rivalidade ainda não existia.

Dentre todas essas equipes que jogamos contra, uma ficou em minha memoria como chiclete, o São Martinho do 'Seo Chico", time enjoado, e difícil de ser batido. Apesar dos jogos serem muito duros, ao contrário dos outros contra o São Martinho dificilmente ocorria discussões ou brigas, pois o pessoal queria jogarbola somente.
O Bairro São Martinho fica uns oito quilômetros de distancia da cidade de Tupã, e como na época o time não dispunha de um caixa para contratar transporte, cortávamos esse trajeto nas magrelas "cabritadas" que tínhamos. 

Quem não tinha uma byke para pedalar até o lugar do jogo, pegava um carona na rabeira com o amigo mais próximo e assim o baile seguia sem problema. Não era sempre, mas tinha moleque que não conseguia carona nas magrelas, e para não perder o jogo, cortava os oito quilômetros no pezão mesmo, isso sim é "fome de bola", o resto é bobagem!
Dificilmente, devido ao cansaço a gente ganhava dos caras, mas às vezes a gente beliscava uma vitória. Esses amistosos que fazíamos contra o time infantil do São Martinho era uma espécie de preliminar para os times adultos que jogavam mais tarde, nos quais havia grande presença de torcida.
Na maioria das vezes, após as batalhas contra os garotos do velho Chico, na volta para casa, parávamos no Rio São Martinho para dar uma refrescada, ninguém é de ferro né?

Também na época existiam várias plantações de frutas ao longo da estrada, pés de manga, goiaba, milho, e entre outros, isso era nosso deleite, uma espécie de recompensa pelo esforço.
Quando disse que os jogos disputado contra o São Martinhos colaram em minha memória, foi devido às peculiaridades de cada jogo em que fazíamos neste bairro, pois a cada jogo os acontecimentos eram diferentes, ou seja, jamais se repetiam.

Texto: Paulo Cesar - PC
Minhas divertidas aventuras pelo mundo do futebol de várzea, aquele que adoramos chamar de quebra dedo, racha canela, arranca toco, entre outros.
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