terça-feira, 17 de janeiro de 2023

O MARAVILHOSO MUNDO DO FUTEBOL DE VÁRZEA

Até que me provem ao contrário, acredito que se aprende a ler e a escrever numa sala de aula, a cozinhar na cozinha, a nadar na água e a jogar futebol no campo. Este último quesito merece uma explicação mais detalhada.

Quando disse campo, não dei garantia de ser um campo com gramado impecável, onde um garoto calça uma chuteira e ganha intimidade com uma bola de futebol.
Não, o campo ao qual me referi é aquele campinho de terra, ou aquele cheio de buracos, que tem mais mato do que grama ou mesmo uma rua calçada de pedras ou com asfalto, onde garotos descalços jogam com qualquer coisa parecida com uma bola de futebol.

O futebol moleque praticamente acabou, aquele futebol em que a molecada era formada num ambiente livre, natural. como descrevi acima. Eu mesmo fui formado assim para o futebol. passei pelos pastos do velho bairro AFONSO XIII, disputando espaço com vacas, cavalos e afins, pelos terrenos baldios que ainda existiam na época na linda VILA MARABÁ, pelas praças da Aldeia TUPÃ, e nas próprias ruas também, numa época em que não havia congestionamento de carros, e uma das ruas mais utilizadas foi a RUA GUARANIS, entre a TUPIS e TUPINAMBÁS.
O futebol de rua de antigamente tinha uma peculiaridade, caso a bola chutada caísse no quintal daquela casa "x", ela não voltava mais. Isso tornava o jogo mais emocionante, pois além da descontração natural do jogo em si, também tinha o cuidado de não deixar a bola cair em lugar proibido.

Comecei brincando com bola de meia, depois com bola de borracha, e por fim com as pesadas bolas de capotão, que caso se fossem molhadas pareciam chumbo. Passei por toda essa evolução natural de um jogador de várzea.
O importante é você começar a ter o contato com a bola sempre com os pés descalços, isso é condição necessária.

O que faz o jogador de várzea ser diferente?
Primeira coisa: jogar na rua, ou em qualquer lugar ligeiramente plano, aprender a correr em qualquer tipo de espaço, cercado pelos obstáculos mais imprevisíveis, como carros estacionados, carros em movimento, muros, árvores, postes, tocos de pau, buracos, pilhas de tijolos.
Segundo: jogar sem cobranças, por vontade própria, diversão pura, espírito lúdico.
Terceiro: usar qualquer coisa parecida com uma bola de futebol, o pé descalço sempre e caso se machuque sem gravidade, procure resistir até o final do jogo.

TEXTO:
Paulo Cesar - PC