quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

O CAMPINHO DA BANANEIRA

Naqueles tempos quando chegávamos para jogar, literalmente só havia mato.
O trajeto para o Campinho da Bananeira era feito através de uma trilha que se espremia entre os arbustos e o matagal que praticamente a cobria.
Ao final dessa trilha que não era muito comprida encontrávamos o bucólico campinho. Eu particularmente nunca descobri o porquê dele ter recebido esse nome, afinal não se avistava nenhuma bananeira por perto. É bem provável que ela, a bananeira, já tivesse dado seus cachos, e por causa disso já ter sido arrancada por algum ser humano desalmado. Porém nunca me importei em saber, porque isso pouco importava, meu negócio era bater uma bolinha e pronto.
O gramado do campinho era uma obra de arte, a própria natureza se encarregava de resolver o problema com a drenagem, pois terreno onde tinha o campinho era meio "penso", inclinado, na linguagem certa. Dessa maneira a água da chuva logo escoava rua abaixo, deixando a grama sequinha de novo.
Grama esta que não nascia no lugar em que os goleiros pisavam, como orienta os melhores manuais de futebol de várzea, - "lugar em que goleiro pisa, nem grama nasce", e lá não era diferente.

Fazíamos apenas pequenos treinos nesse campinho, pois apesar dele ter um gramado de primeira, seu perímetro era bastante irregular, e também era bem pequeno em suas dimensões. Sem contar, como já disse, que para acessa-lo não era muito divertido, razões essas que muitos moleques desistiam na hora de ir bater uma bolinha com a gente, sem contar que caso desse qualquer chuvinha, a rua Miguel Gantus virava um mar, e alguns moleques ficavam com medo de serem arrastados pela enxurrada.

Por causa de todas essas dificuldades é que muitos desistiam de ir bater uma bolinha com a gente, com isso nem marcávamos amistosos, e também nem convidávamos outros moleques para brincar, só ia mesmo os "pé de rato" de sempre.

Apesar de tudo tínhamos número suficiente de jogadores, e dava para fazer acirradas disputas, mas quando faltava alguém, a gente se ajeitava, e com isso a bola rolava normalmente.

Para o leitor que mora aqui na Aldeia será fácil de se localizar, pois esse campinho ficava encravado no meio de uma espécie de chácara abandonada, na baixada entre as ruas Joaquim Abarca e Miguel Gantus, quase chegando na Aimorés, bem próximo da nossa querida Santa Casa de Misericórdia, ou seja, bem pertinho do centro da cidade.

Texto: Paulo Cesar - PC
"Minhas divertidas aventuras pelo mundo do futebol de várzea, o futebol que amamos chamar de quebra dedo, arranca toco, racha canela, entre outros."