domingo, 30 de junho de 2024

O MATA BURRO

Os mata-burros são formados por uma junção de estrados, com um pequeno espaço entre os mesmo, os quais funcionam como pontes, normalmente de madeira, concreto, aço, e também muitas vezes de troncos das arvores. Estes estrados ou troncos são instalados em cima de valas, previamente cavadas, e que permite que este mecanismo desencoraje os animais a atravessar a rudimentar ponte e fugir, ou impedir que alguma tropa errante invada e cause um grande estrago na propriedade. Essa espécie de engenharia rural das antigas ainda é muito usada até nos dias de hoje, algumas já com aquele ar de modernidade, como as construídas ao lado da porteira, deixando a passagem livre para os veículos.

Apesar de o tempo ter passado, e a modernidade ter chegado, o mata burro de madeira é sem dúvida ainda o mais encontrado nas pequenas propriedades rurais, devido o preço. Porém na falta de grana para comprar o estrado, o jeito é improvisar, e para isso são usados troncos de árvores, que são muitas vezes são retirados na própria propriedade, e que na prática dão o mesmo resultado. 
Neste contexto você deve estar se perguntando: "o que tem a ver o mata-burros com o futebol raiz, que é resenhado por aqui?". 

Quando menino, eu e os companheiros de bola morávamos na zona rural aqui de Tupã, ali por perto da tríplice fronteira rural, entre os bairros Santa Estela, São Martinho e Afonso XIII,  a famosa Encruzilhada, e com isso vivíamos perambulando pelos sítios e fazendas das redondezas atrás de campinhos de futebol para a gente bater aquela sagrada bolinha, porque ninguém é de ferro né? 
E nessa frenética procura nós encontrávamos pelo caminho os mais diversos tipos de mata-burros, sendo que a inspiração para essa inusitada resenha, foi que em algumas dessas procuras, algum burro se enroscava nos estrados que estavam ali sepucralmente deitados. 

Esse "burro" ao qual me referi, não se trata daquele tradicional ruminante de quatro patas, mas sim o de duas patas que corre atrás da bola. Como disse, às vezes algum 'burro jogador" enroscava a pernas nos vãos do mata-burro, geralmente quando estava de bicicleta, e perdia o equilíbrio no meio da travessia, enfiando um dos pés no buraco, às vezes sofrendo um ferimento um pouco mais preocupante, devido ter caído com a bicicleta por cima, ou então por simples distração mesmo, quando estava atravessando a pé, devido a ansiedade de encontrar logo o campinho de futebol. Esse último tipo de acidente na maioria das vezes era só o susto pela queda mesmo.   

TEXTO: PAULO CESAR - PC
"Minhas divertidas aventuras pelo mundo do futebol de várzea, aquele que amamos chamar de arranca toco, quebra dedo, entre outros".

domingo, 2 de junho de 2024

VOCÊ TERIA CORAGEM DE BATER ESSE PÊNALTI?

cobrança de pênalti é sempre importante no futebol, quando é final de campeonato, então nem se fale. 
Dê uma boa olhada na figura, e me responda com toda sinceridade, você acha que aguentaria a pressão?
Torcida, diretoria, técnico e mais um monte de gente, todos alucinados dentro do campo.
Imagine o que aquele jogador que iria cobrar a penalidade máxima não ouviu, ou sentiu, enquanto esperava a autorização do juizão para partir para a bola?
Se a importância do chute não era a mesma que, por exemplo, uma final de Campeonato Brasileiro, a pressão exercida sobre ele naquele momento era certamente bem parecida.

Bater pênalti na várzea tem pressão de Copa do Mundo!
Para quem não vive o mundo do futebol de várzea, essa frase pode parecer absurda. Mas uma final de campeonato ou de um torneio de várzea, envolve o orgulho da comunidade, que “fez o corre” para comprar o uniforme, para o time poder entrar em campo, é o momento que define o esforço de jogadores, torcida e diretores, que muitas vezes deixaram a família em casa para correr debaixo do sol quente, representando as quebradas onde nasceram, e isso vale muito a pena. Sendo uma responsabilidade muito grande para o boleiro que pede passagem, ou é escolhido para a cobrança.

Nos inúmeros torneios em que disputei pela nossa região, dificilmente não acontecia esse fenômeno de a torcida se amontoar em volta da trave, em que iria ser realizada a cobrança dos pênaltis. Realmente a pressão era muito grande, muitas vezes vi boleiros chorando após serem escolhidos pelo técnico.
Porém eu via uma vantagem para o jogador que iria fazer a cobrança, não que eu não ficava perturbado também, quando era escolhido nessa situação. Mas como o povo fazia uma espécie de funil em volta da trave, a visão era plena do gol.
Então caso você conseguisse passar ileso pelo "corredor polonês", que era formado um pouco antes da bola, na região do impulso, as chances de converter a batida eram ótimas.

Mas caso chegasse na bola mentalmente perturbado, devido aos xingos e provocações, ou você mandava a bola na Lua, por cima da trave quis dizer, ou então em cima do goleirão. Naquele momento da amargura, sua única preocupação era não acertar uma bolada em algum dos malucos que estavam ali no pé da trave.

TEXTO: PAULO CESAR - PC

"Minhas divertidas aventuras pelo mundo do futebol de várzea, aquele que amamos chamar de arranca toco, quebra dedo, entre outros".