segunda-feira, 15 de novembro de 2021

OS JOGOS INTERCLASSES

Os famosos jogos interclasses eram eventos esportivos organizados dentro do contexto escolar, pela própria escola, através de seus professores de educação física. O evento era realizado duas vezes no ano e contava com participação dos alunos dos três períodos letivo, ou seja o pessoal da manhã, o povo da tarde, e os marmanjos da noite. 

Sem sombra de dúvidas, era o evento mais esperado pelo os alunos, depois da merenda é claro, isso pelo menos no meu caso, que fase.
Naquela época em que eu fazia o antigo ginasial, o colégio no qual eu estudava não tinha quadra de esportes, por isso tínhamos que nos deslocarmos até outro colégio para fazermos as aulas de educação física, matéria essa que fazia parte da grade escolar, então não tinha jeito tinha que ir.
Por esse simples motivo, na época dos interclasses, a única modalidade que tinha disputas era o futebol de salão masculino. O resto dos alunos das outras modalidades esportivas, ficavam literalmente chupando os dedos. O que de certa forma era uma pena para os nossos amiguinhos que não eram familiarizados com a pesada bola de futebol de salão na época. Se caso a bola molhasse, ai ela virava um chumbo de pesada.

O nosso professor titular de educação física não era muito adepto da teoria da perfeita simetria, e por isso colocava a quinta série para jogar contra a oitava, ou seja, fazia um bem bolado, e colocava a molecada para jogar com os marmanjo e vice versa. Ai não dava nem graça, pois nos jogos os marmanjos do oitavo ano passavam por cima da gente feito tratores e sempre eram os campeões.
Somente em um ano quando houve a troca de professores é que foi feita essa separação entre as séries, mas depois voltou a ser tudo como dantes, e a desculpa que sempre alegavam era de que dava muito trabalho separar as séries, pior para nós.


Quando houve a separação das séries, eu cursava o sexto ano, e formamos um time bem forte e fomos campeão.
Nessa época nosso professor de Educação Física era um cabra bem fanfarrão, e como ele tinha o poder da caneta, fazia misérias, e uma de suas zuações foi colocar nomes estranhos nos times, tipo Berinjelas, Abobrinhas, Torresmos, entre outros.
O nome escolhido para nome time foi Mocotó, sinceramente não sei de onde ele tirou essa ideia, pois no nosso time a maioria dos moleques eram todos magrelos e desengonçados. Era uma coisa meio sinistra, mas a gente nem ligava, só queríamos nos divertir, e também disputar o certame de igual para igual com as séries rivais.


Texto: Paulo Cesar - PC
Minhas divertidas aventuras pelo mundo do futebol de várzea, aquele que amamos chama de arranca toco, quebra dedo, racha canela, entre outros.

MARINGÁ FUTEBOL CLUBE DO BAIRRO AFONSO XIII

Já no final dos anos 70, na agitada década da Dance Music, das brincadeiras dançantes nas residências, dos Embalos de Sábado à noite de Bee Gees, John Travolta, Bonney M e entre muitos outros, meu primo o folclórico Zé do Fole, O MITO SERTANEJO e mais um amigo dele, um perebão chamado pela alcunha de "Maringá", que não jogava nada, só "guela", decidiram montar um time de futebol ali no sítio onde morávamos. 

O meu primo Zé do Fole era um autêntico andarilho do futebol de várzea aqui da região, mas já estava começando a ficar veterano e com isso começava a perder espaço nas equipes em que ia jogar.
O cara era um verdadeiro morto de fome no quesito correr atrás da bola e essa condição de reserva que estava começando a experimentar o incomodava e muito.
Zé do Fole e Maringá inspirados pela possibilidade de terem um time só deles e que de quebra ainda pudessem ser jogadores e técnicos ao mesmo tempo, começaram a formação do Maringá do Bairro Afonso Treze. Esse nome seria em homenagem à essa cidade paranaense, na qual o Maringá, companheiro fiel do Zé havia nascido. e não ao time profissional que lá tinha à época, pois apesar de ser natural de lá, não nutria nenhum carinho pelo time local.

A maior dificuldade encontrada foi a construção de um campo de futebol lá no sítio, pois a grama era de pasto de gado e o terreno todo irregular e cheio de tocos de árvores e matagal. Mas juntando a fome com a vontade de comer, conseguiram deixar meio parecido com um campo de futebol. O resto ficou doce, pois conseguiram dois jogos de camisas usadas, algumas bolas e outros acessórios peculiares ao um time de futebol. Num campo de futebol o que não pode faltar é cachaça, então im
provisaram uma barraquinha para servir como buteço e faturar uns trocados para poder pagar a garantia ao time visitante.

Marcaram o primeiro amistoso, achavam que não ia dar ninguém, pois tínhamos como vizinho o famoso time do bairro São Martinho que aos domingos arrastava multidão na beirada do seu campo. Que nada, no dia do primeiro jogo apareceu um monte de gente, até a pessoa mais improvável para assistir ao jogo, a saudosa senhora minha mãe.
Eu era muito novo para jogar com os adultos, mas o Zé me colocava alguns minutinhos para matar a lombriga.

Assim o tempo foi passando e o time do meu primo foi ganhando fama na região, não por ser um bom time, muito pelo contrário, o time era muito ruim, mas pelo local onde se realizada as partidas. O bairro Afonso Treze é bem perto da área urbana, e apesar de na época ainda ter seu acesso por terra, não se tinha muita dificuldade em chegar.
Mas como diz o ditado, o que é bom não dura muito, num jogo houve uma confusão generalizada provocada por um idiota, que tomou proporções muito grande, sendo necessário o acionamento das forças policiais para acalmar os ânimos.

Depois desse episódio o proprietário do sítio em que morávamos ficou chateado e pediu para fosse desfeito o nosso campo. Sentenciou que a partir dali ele não autorizava mais jogos em sua propriedade, logo ele que era um dos torcedores mais empolgados do time, a coisa foi grave mesmo.
Mesmo com a perda da sede dos jogos o time não acabou, e os compromissos futuros da equipe passaram a ser como visitante. No começo até que foi bem, porém com o passar do tempo houve um certo desanimo, e os atletas da equipe começaram a faltar nos jogos, tendo a diretoria a recorrer a pessoas estranhas a cada jogo, descaracterizando a tradicional equipe do Bairro Afonso XIII.

E para piorar, no final daquele ano o contrato de parceria agrícola da família do Zé do Fole vencia, e meu tio, chateado ainda com o episódio, resolveu não renová-lo, firmando acordo com outro patrão, na região de Parapuã.
Zé do Fole foi embora, ficando apenas o seu parceiro Máringá que resolveu não tocar mais o time, pois sem O MITO SERTANEJO, a coisa não iria virar em nada.

Texto: Paulo Cesar - PC
"Minhas divertidas aventuras pelo mundo do futebol de várzea, aquele que amamos chamar de quebra dedo, arranca toco entre outros."