Já no final dos anos 70, na agitada década da Dance Music, das brincadeiras dançantes nas residências, dos Embalos de Sábado à noite de Bee Gees, John Travolta, Bonney M e entre muitos outros, meu primo o folclórico Zé do Fole, O MITO SERTANEJO e mais um amigo dele, um perebão chamado pela alcunha de "Maringá", que não jogava nada, só "guela", decidiram montar um time de futebol ali no sítio onde morávamos.
O meu primo Zé do Fole era um autêntico andarilho do futebol de várzea aqui da região, mas já estava começando a ficar veterano e com isso começava a perder espaço nas equipes em que ia jogar.
O cara era um verdadeiro morto de fome no quesito correr atrás da bola e essa condição de reserva que estava começando a experimentar o incomodava e muito.
Zé do Fole e Maringá inspirados pela possibilidade de terem um time só deles e que de quebra ainda pudessem ser jogadores e técnicos ao mesmo tempo, começaram a formação do Maringá do Bairro Afonso Treze. Esse nome seria em homenagem à essa cidade paranaense, na qual o Maringá, companheiro fiel do Zé havia nascido. e não ao time profissional que lá tinha à época, pois apesar de ser natural de lá, não nutria nenhum carinho pelo time local.
A maior dificuldade encontrada foi a construção de um campo de futebol lá no sítio, pois a grama era de pasto de gado e o terreno todo irregular e cheio de tocos de árvores e matagal. Mas juntando a fome com a vontade de comer, conseguiram deixar meio parecido com um campo de futebol. O resto ficou doce, pois conseguiram dois jogos de camisas usadas, algumas bolas e outros acessórios peculiares ao um time de futebol. Num campo de futebol o que não pode faltar é cachaça, então improvisaram uma barraquinha para servir como buteço e faturar uns trocados para poder pagar a garantia ao time visitante.
Marcaram o primeiro amistoso, achavam que não ia dar ninguém, pois tínhamos como vizinho o famoso time do bairro São Martinho que aos domingos arrastava multidão na beirada do seu campo. Que nada, no dia do primeiro jogo apareceu um monte de gente, até a pessoa mais improvável para assistir ao jogo, a saudosa senhora minha mãe.
Eu era muito novo para jogar com os adultos, mas o Zé me colocava alguns minutinhos para matar a lombriga.
Assim o tempo foi passando e o time do meu primo foi ganhando fama na região, não por ser um bom time, muito pelo contrário, o time era muito ruim, mas pelo local onde se realizada as partidas. O bairro Afonso Treze é bem perto da área urbana, e apesar de na época ainda ter seu acesso por terra, não se tinha muita dificuldade em chegar.
Mas como diz o ditado, o que é bom não dura muito, num jogo houve uma confusão generalizada provocada por um idiota, que tomou proporções muito grande, sendo necessário o acionamento das forças policiais para acalmar os ânimos.
Depois desse episódio o proprietário do sítio em que morávamos ficou chateado e pediu para fosse desfeito o nosso campo. Sentenciou que a partir dali ele não autorizava mais jogos em sua propriedade, logo ele que era um dos torcedores mais empolgados do time, a coisa foi grave mesmo.
Mesmo com a perda da sede dos jogos o time não acabou, e os compromissos futuros da equipe passaram a ser como visitante. No começo até que foi bem, porém com o passar do tempo houve um certo desanimo, e os atletas da equipe começaram a faltar nos jogos, tendo a diretoria a recorrer a pessoas estranhas a cada jogo, descaracterizando a tradicional equipe do Bairro Afonso XIII.
E para piorar, no final daquele ano o contrato de parceria agrícola da família do Zé do Fole vencia, e meu tio, chateado ainda com o episódio, resolveu não renová-lo, firmando acordo com outro patrão, na região de Parapuã.
Zé do Fole foi embora, ficando apenas o seu parceiro Máringá que resolveu não tocar mais o time, pois sem O MITO SERTANEJO, a coisa não iria virar em nada.
Texto: Paulo Cesar - PC
"Minhas divertidas aventuras pelo mundo do futebol de várzea, aquele que amamos chamar de quebra dedo, arranca toco entre outros."
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