quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

A ESCOLINHA DO FUTEBOL DO BAIRRO AFONSO Xlll

Para contar essa história vamos voltar lá no ano de 1977, ano esse em que meu querido Corinthians do imortal Zé Maria, o Super Zé, lendário lateral direito quebrou um jejum de 23 anos sem ganhar um Paulistão, faturando o caneco em cima da grande Ponte Preta, a famosa macaca de Campinas com um gol literalmente de nariz do ótimo Basílio, num jogo para lá de dramático.
Nesse ano eu cursava a antiga terceira série do ensino fundamental numa escolinha rural do bairro Afonso Treze, conhecida como a Escolinha do Frigorífico Sastre, porém não pertencia ao frigorifico, era conhecida assim pois ficava nas imediações do mesmo.
Na ocasião tínhamos um professor muito dedicado no quesito educação, e também para o nosso deleite, uma pessoa simplesmente apaixonada pela arte de se correr atrás de uma bola de futebol, o professor Josué. 
Essa escola era uma construção única, ou seja, um cômodo bem grande, bem parecido com o da foto de ilustração, no qual eram abrigadas todas as séries, sendo separadas pelas fileiras, tipo na primeira fileira de carteiras ficava o pessoal do primeiro ano, na segunda o pessoal do segundo ano, e assim até a quarta fileira.

O terreno da escola era todo delimitado por grama, então logo que o professor chegou já arquitetou um campinho de futebol. 
O professou selecionou os alunos que gostariam de bater uma bolinha, e fez um acordo com os que não iam participar dos jogos, de que eles estariam dispensados todas as sextas feiras após à merenda, que era preparada carinhosamente pelas nossas mães, numa parceria com o professor.
Então ficou decidido de que todas as sextas feiras depois das dez horas o bicho ia pegar.

O professor começou a formar os dois times, mesclando alunos das séries, só que precisava de alguém adulto para fazer páreo ao professor pois o time em que ele jogava ficava muito forte, a gente não conseguia tirar a bola dele, ele jogava muita bola.
Sugeri a ele que chamasse meu primo o Zé do Fole para jogar no outro time, ele concordou, só que o Fole era muito bom de bola, melhor que o professor e mais novo, então desequilibrava o jogo de novo. 
Durante a semana seguinte sugeri ao professor que chamasse um outro primo meu,  que achava que jogava igual a ele, ele aceitou de imediato, porém ficou com pena de dispensar o Zé do Fole.
Como havia o pai de um outro aluno que queria participar, sugeri de novo ao professor que chamasse o pai do aluno e o Zé para jogarem de goleiros. Essa arrumação deu certinho, e o pau quebrou durante o ano letivo todo.

Mas sempre tem aquela máxima de que tudo que bom dura pouco. No nosso caso na virada do ano ficamos sabendo que o nosso querido professor jogador havia sido promovido e com isso não nos daria mais aula, ficando apenas em trabalhos internos na Diretoria de Ensino.
Aquela notícia caiu como uma bomba na comunidade futeboleira da escolinha, que já estavam afiando canelas e planejando uma nova temporada.

Pois bem, assim que retornamos às aulas, logo na chegada a primeira coisa que observamos foi o gramado sem as traves, traves não, eram apenas pedaços de madeiras fincados no chão. A nova professora já tinha solicitado a retirada de todo material e no lugar seria feito um jardim.
Na apresentação ela deixou bem claro de que viera apenas para alfabetizar, e que a disciplina futebol não estava na grade daquele ano.
Não foi um ano fácil, porém foi produtivo, pois deu um bom norte para entrarmos no ginasial com sangue nos olhos, e do futebol da escolinha só restaram as boas lembranças.

Texto:
Paulo Cesar - PC

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