quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

O CAMPINHO DA FÁBRICA DE CADERNOS

Imagem da internet
Um pouco antes da metade dos anos oitenta eu tinha um grande parceiro no futebol, o saudoso Claudevino Pereira, ou simplesmente Crá como ele era mais conhecido entre os amigos. O Crá além de jogar muita bola, também enveredava pelos lados da dança, era um dos melhores dançarinos de breik da época, e de quebra fãnzaço do ídolo Michael Jackson e do seu passinho Moonwalk.

Vale lembrar que o breik era o ritmo de dança tipo febre do rato da época e reinava soberano. Eu mesmo não curtia muito, mas remexia o esqueleto quando ia nas brincadeiras dançantes, o ritmo era contagiante.
O Crá começou a trabalhar numa fábrica de cadernos muito famosa aqui na cidade, a Fábrica de Cadernos Liberdade do saudoso João Scassola, e para a história ficar mais doce, no fundo dessa fábrica havia um lindo campinho de futebol médio, que cabia tranquilo oito para cada lado, um deleite só.
Não demorou muito tempo para o Crá enturmar-se com pessoal de lá e começar a jogar bola com eles. E seguindo o ditado que diz, "amigo é amigo", Crá deu um jeito rapidinho de me colocar no caldeirão, para que eu fosse bater um bolinha naquele maravilhoso tapetinho.
Nunca esqueço, chegou a cair uma lágrima de meu olho de tanta felicidade quando fui treinar pela primeira vez.

Foi uns dos melhores lugares que treinei nas tardes de sábado até hoje, pois lá tinha de tudo, além de muito futebol com treinos pra lá de quentes, jogadores bons, jogadores mais ou menos, muitos perebas, resenhas pós treinos regadas a muita tubaína e sarapatel nos mais variados botecos, muitas  discussões, pois nossos treinos não contavam com um juiz de ofício, então algumas jogadas tinham que ser decididas no grito, e quem gritava mais alto levava, tudo que um bom jogo de bola nível várzea exige.
O campinho ficava às margens da Rodovia João Ribeiro de Barros, em frente à entrada principal da EXAPIT, onde hoje é um dos distritos industriais da nossa querida Aldeia, e como disse, os treino começavam nas tardes de sábado e só acabava quando não tinha mais luz solar, uma várzea total.

O organizador e comandante linha dura desse grupo era o mito Zé Lacerda, ZL para os íntimos, que trazia consigo o pessoal da extinta Cooperativa Agrícola de Cotia em peso para abrilhantar um pouco mais o treino.
A "Cutia" como eles carinhosamente a chamavam, se localizava na baixada da rua Aimorés, vizinha do também extinto Clube Marajoara, bem do ladinho do Córrego Afonso Treze, região outrora povoada por inúmeras máquinas beneficiadoras de café, amendoim, e entre outros cereais, como Máquina União, Máquina Progresso, entre outras.
O meu inseparável parceiro de bola nos anos 80, o craque Claudevino Pereira, o popular Crá, infelizmente faleceu em 2021 na cidade de Limeira, cidade onde estava residindo na ocasião.

Texto: Paulo Cesar - PC
"Minhas divertidas aventuras pelo mundo do futebol de várzea, aquele que amamos chamar de quebra dedo, arranca toco, entre outros!"

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