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Imagem da internet |
Um pouco antes da metade dos anos oitenta eu tinha um grande parceiro no futebol, o saudoso Claudevino Pereira, ou simplesmente Crá como ele era mais conhecido entre os amigos. O Crá além de jogar muita bola, também enveredava pelos lados da dança, era um dos melhores dançarinos de breik da época, e de quebra fãnzaço do ídolo Michael Jackson e do seu passinho Moonwalk.
Vale lembrar que o breik era o ritmo de dança tipo febre do rato da época e reinava soberano. Eu mesmo não curtia muito, mas remexia o esqueleto quando ia nas brincadeiras dançantes, o ritmo era contagiante.
O Crá começou a trabalhar numa fábrica de cadernos muito famosa aqui na cidade, a Fábrica de Cadernos Liberdade do saudoso João Scassola, e para a história ficar mais doce, no fundo dessa fábrica havia um lindo campinho de futebol médio, que cabia tranquilo oito para cada lado, um deleite só.
Não demorou muito tempo para o Crá enturmar-se com pessoal de lá e começar a jogar bola com eles. E seguindo o ditado que diz, "amigo é amigo", Crá deu um jeito rapidinho de me colocar no caldeirão, para que eu fosse bater um bolinha naquele maravilhoso tapetinho.
Nunca esqueço, chegou a cair uma lágrima de meu olho de tanta felicidade quando fui treinar pela primeira vez.
Foi uns dos melhores lugares que treinei nas tardes de sábado até hoje, pois lá tinha de tudo, além de muito futebol com treinos pra lá de quentes, jogadores bons, jogadores mais ou menos, muitos perebas, resenhas pós treinos regadas a muita tubaína e sarapatel nos mais variados botecos, muitas discussões, pois nossos treinos não contavam com um juiz de ofício, então algumas jogadas tinham que ser decididas no grito, e quem gritava mais alto levava, tudo que um bom jogo de bola nível várzea exige.
O campinho ficava às margens da Rodovia João Ribeiro de Barros, em frente à entrada principal da EXAPIT, onde hoje é um dos distritos industriais da nossa querida Aldeia, e como disse, os treino começavam nas tardes de sábado e só acabava quando não tinha mais luz solar, uma várzea total.
O organizador e comandante linha dura desse grupo era o mito Zé Lacerda, ZL para os íntimos, que trazia consigo o pessoal da extinta Cooperativa Agrícola de Cotia em peso para abrilhantar um pouco mais o treino.
A "Cutia" como eles carinhosamente a chamavam, se localizava na baixada da rua Aimorés, vizinha do também extinto Clube Marajoara, bem do ladinho do Córrego Afonso Treze, região outrora povoada por inúmeras máquinas beneficiadoras de café, amendoim, e entre outros cereais, como Máquina União, Máquina Progresso, entre outras.
O meu inseparável parceiro de bola nos anos 80, o craque Claudevino Pereira, o popular Crá, infelizmente faleceu em 2021 na cidade de Limeira, cidade onde estava residindo na ocasião.
Texto: Paulo Cesar - PC
"Minhas divertidas aventuras pelo mundo do futebol de várzea, aquele que amamos chamar de quebra dedo, arranca toco, entre outros!"
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Para
contar essa história vamos voltar lá no ano de 1977, ano esse em que meu
querido Corinthians do imortal Zé Maria, o Super Zé, lendário lateral direito quebrou
um jejum de 23 anos sem ganhar um Paulistão, faturando o caneco em cima da
grande Ponte Preta, a famosa macaca de Campinas com um gol literalmente de
nariz do ótimo Basílio, num jogo para lá de dramático.
Nesse ano eu cursava a antiga terceira série do ensino fundamental numa
escolinha rural do bairro Afonso Treze, conhecida como a Escolinha do
Frigorífico Sastre, porém não pertencia ao frigorifico, era conhecida assim
pois ficava nas imediações do mesmo.
Na ocasião tínhamos um professor muito dedicado no quesito educação, e também
para o nosso deleite, uma pessoa simplesmente apaixonada pela arte de se correr
atrás de uma bola de futebol, o professor Josué.
Essa escola era uma construção única, ou seja, um cômodo bem grande, bem
parecido com o da foto de ilustração, no qual eram abrigadas todas as séries,
sendo separadas pelas fileiras, tipo na primeira fileira de carteiras ficava o
pessoal do primeiro ano, na segunda o pessoal do segundo ano, e assim até a
quarta fileira.
O terreno da escola era todo delimitado por grama, então logo que o professor
chegou já arquitetou um campinho de futebol.
O professou selecionou os alunos que gostariam de bater uma bolinha, e fez um
acordo com os que não iam participar dos jogos, de que eles estariam dispensados
todas as sextas feiras após à merenda, que era preparada carinhosamente pelas
nossas mães, numa parceria com o professor.
Então ficou decidido de que todas as sextas feiras depois das dez horas o bicho
ia pegar.
O professor começou a formar os dois times, mesclando alunos das séries, só que
precisava de alguém adulto para fazer páreo ao professor pois o time em que ele
jogava ficava muito forte, a gente não conseguia tirar a bola dele, ele jogava
muita bola.
Sugeri a ele que chamasse meu primo o Zé do Fole para jogar no outro time, ele
concordou, só que o Fole era muito bom de bola, melhor que o professor e mais
novo, então desequilibrava o jogo de novo.
Durante a semana seguinte sugeri ao professor que chamasse um outro primo
meu, que achava que jogava igual a ele, ele aceitou de imediato, porém
ficou com pena de dispensar o Zé do Fole.
Como havia o pai de um outro aluno que queria participar, sugeri de novo ao
professor que chamasse o pai do aluno e o Zé para jogarem de goleiros. Essa
arrumação deu certinho, e o pau quebrou durante o ano letivo todo.
Mas sempre tem aquela máxima de que tudo que bom dura pouco. No nosso caso na
virada do ano ficamos sabendo que o nosso querido professor jogador havia sido
promovido e com isso não nos daria mais aula, ficando apenas em trabalhos
internos na Diretoria de Ensino.
Aquela notícia caiu como uma bomba na comunidade futeboleira da escolinha, que
já estavam afiando canelas e planejando uma nova temporada.
Pois bem, assim que retornamos às aulas, logo na chegada a primeira coisa que
observamos foi o gramado sem as traves, traves não, eram apenas pedaços de
madeiras fincados no chão. A nova professora já tinha solicitado a retirada de
todo material e no lugar seria feito um jardim.
Na apresentação ela deixou bem claro de que viera apenas para alfabetizar, e que
a disciplina futebol não estava na grade daquele ano.
Não foi um ano fácil, porém foi produtivo, pois deu um bom norte para entrarmos
no ginasial com sangue nos olhos, e do futebol da escolinha só restaram as boas
lembranças.Texto:
Paulo Cesar - PC