quarta-feira, 13 de outubro de 2021

NECROPOLITANO FUTEBOL CLUBE, ESSE TIME É DE MORTE!

O futebol de várzea sempre foi, ao lado do samba, o canal principal de divertimento do povo que habita os subúrbios carioca. No auge do futebol de várzea fluminense, lá nos anos 70, todo bairro tinha um, dois, até três times "oficiais" para chamar de seu.
Além dos times tradicionais que eram formados na comunidade, também era comum as empresas desses bairros terem seus times de futebol de várzea, formados na maioria das vezes pelos seus próprios funcionários, os chamados puro sangue. Com tantos times brotando por todas as partes, por que então os cemitérios suburbanos não poderiam ter um também? Daí que surge o Necropolitano Futebol Clube do bairro do Irajá, que era um time formado exclusivamente por funcionários do cemitério do Irajá. O time da morte, como era conhecido, no qual os coveiros eram maioria no elenco. 

O time foi fundado em 1972 e conseguiu alcançar um relativo sucesso dentro da liga amadora carioca, não apenas pelo bom futebol apresentado em campo, mas também pelo inusitado local de preparação dos jogadores, que era feito no meio das covas.                                               

                                            MANCHETE ESPORTIVA DO ANO DE 1977


História bem peculiar à várzea carioca daquele tempo e a do Necropolitano, nos remete aos movimentados torneios dos trabalhadores, que são realizados no dia primeiro de maio aqui em Tupã, cujos times são formados, na maioria por funcionários de empresas ou segmento profissional, que acabam proporcionando disputas acirradas.
Sinceramente não me recordo se durante as edições anteriores tivemos alguma equipe que representou os cemitérios locais, porém muitas categorias de trabalhadores formaram equipes ,boas ou nem tanto, dentro das respectivas profissões.
Dentre essas profissões que tiveram destaques, e que consigo me lembrar, cito o pessoal das farmácias, cujo treinador era o saudoso professor "Toninho Farmacêutico", que tinha uma elegância peculiar na beirada de campo, porém o time nunca chegava, geralmente caia na primeira rodada, era mais para participar apenas. Também o time do antigo Frigorifico Sastre, esse sim era time de chegada, estava todo ano beliscando os primeiros lugares.

Esse tipo de torneio é muito legal de se ver jogar, nem sempre belo futebol apresentado, mas sim pelo companheirismo que se vê entre os caras dentro do campo.
Nos torneios dos trabalhadores das antigas eu gostava muito de acompanhar o time do Mercadão, que era formado na sua grande maioria pelos açougueiros que trabalhavam nas inúmeras casas de carne que existiam no saudoso Mercadão Municipal. O Mercadão tinha no seu elenco, o grande zagueiro Zé Carlos Açougueiro, irmão do Britinho, atleta profissional que brilhou no cenário futebolístico nacional nos anos oitenta.

Texto:
Paulo Cesar - PC

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